Depois do Pentecostes, esse momento em que os discípulos de
Jesus receberam a força do Espírito de Deus, a Ruah, certamente terão
continuado com algumas das tradições judaicas do Antigo Testamento/Antiga
Aliança. Algumas delas eram memória vivas do que haviam vivido com Jesus, de
modo muito especial a Ceia da Páscoa judaica.
É aqueles que não haviam nascido judeus é possível uma
“salto” maior de desvinculação de uma grande parte dessas tradições judaicas
que deixam de fazer sentido na Nova Aliança inaugurada por Jesus Ressuscitado.
Progressivamente, os primeiros cristãos, tiveram que
organizar as suas próprias reuniões seguindo o modelo tradicional da sinagoga,
recorrendo às leituras bíblicas do Antigo Testamento incluindo, à medida que
iam surgindo, também as cartas de Paulo e os Evangelhos do Novo Testamento.
Quando Roma estabelece em todo o seu império o costume de
enterrar os seus defuntos em câmaras sepulcrais, os cristãos aproveitam
galerias abertas nas proximidades de Roma ou em propriedades cedidas por
famílias nobres das suas comunidades para também eles lavrarem as suas próprias
câmaras sepulcrais.
Surgem assim as catacumbas.
Do séc I até cerca do séc IV (período em que a religião
cristã não era reconhecida pelo império romano) as primeiras imagens/pinturas
que surgem são somente de carácter funerário, uma arte influenciada e
sugestionada pela da tradição romana, egípcia e helénica, com imagens figurativas
ou ornamentais. Essas imagens começam por se apresentar ingénuas e simples.
Era costume, entre os romanos, decorar estas câmaras com
motivos e cenas pagãs, sobretudo quando os defuntos haviam sido personagens
importantes.
Os cristãos adquirem o mesmo costume com os mesmos modelos
pagãos, mas dando-lhes um novo sentido cristão. A representação das personagens
cristãs de carácter funerário, revestem-se sempre de uma aparência alegre, que
supera as tristezas da morte.
Assim:
- o pássaro de Vénus passa a
significar a pomba de Noé, mensageira da Paz de Cristo
- a história poética de Eros e Psiqué representam, entre os
cristãos, a união da alma com Deus
- as orantes pagãs passam a evocar a oração cristã
- as representações gregas do crióforo aparecem a significar
a Cristo, o Bom Pastor
- outros símbolos que para os pagãos eram simplesmente
decorativos, para os cristãos possuíam um importante significado, como a palma
(sinal do martírio), o ramo de oliveira (sinal da esperança cristã), a âncora,
o cordeiro e o peixe (peixe, em grego ICTUS são as iniciais de Jesus Cristo,
Deus Filho Salvador). Destas imagens simbólicas tomadas do paganismo, como o
Alfa e Omega que significam Cristo, se caminha para a representação directa da
figura de Jesus.
O próprio Evangelho concede importância aos sentidos como
meio de enriquecimento espiritual, é um caminho novo que se abre à
representação figurativa quando o olhar está orientado pelos olhos da fé.
“Felizes os olhos que vêem o que vós vedes” Lc 10,23
“Felizes os puros de Coração porque verão a Deus” Mt 5,8
“Agora vemos de maneira confusa mas depois veremos Deus tal
como Ele é.” 1Cor 13,12
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