segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Ícone do Abraço



Este ícone apresenta-nos duas pessoas. Quem está do lado direito é Cristo ressuscitado, que se pode identificar pelo nimbo com uma cruz que rodeia a sua cabeça, uma característica unicamente reservada a Jesus na linguagem iconográfica. Ele carrega, no seu braço, o Livro da Vida. Como todo o autêntico ícone, este escreve em imagens um acontecimento bíblico, aqui está escrita a visão do autor do livro do Apocalipse:


"Ele pôs sobre mim a sua mão direita, dizendo-me 'não temas: Eu sou o Primeiro e o Último, O que vive; conheci a morte, mas eis Me aqui vivo pelos séculos dos séculos'" (Ap 1, 17-18)



É um ícone copta, que foi escrito no século VI, no Egipto (nos nossos dias encontra-se exposto no Museu do Louvre), é portanto muito antigo e por isso reflecte bem as origens do estilo iconográfico, em que o mais importante na representação humana era o rosto, ainda que desproporcionalmente maior que o resto do corpo, de faces rosadas, e grandes olhos vivos, bem abertos... tons quentes, acastanhados, amarelos e laranja, tudo revela vitalidade e movimento, ao mesmo tempo que as bocas fechadas convidam ao silêncio e recolhimento, paragem para respirar no meio da vida.



Quem será, então, a personagem do lado esquerdo, sobre quem Jesus coloca o seu braço direito?

Cada um de nós é convidado a assumir esse lugar, ainda que quem aqui está representado seja uma personagem do seu tempo, com um nome e uma história. Na inscrição em grego pode ler-se:
"Eis Mena, que deu bom testemunho do Salvador"
Será, portanto, um cristão mártir da Igreja Primeira
Este ícone é conhecido de modo especial por quem viveu a experiência intensa de Taizé, onde este ícone é chamado de Ícone da Amizade, uma das suas reproduções é usada para a Oração e Celebração da Fé




2 comentários:

Sérgio de Barros disse...

Lindo ícone, ainda não tinha visto nenhum com este tema. Obrigado pela explicação e parabéns pelo blog.

Levi disse...

Conheci teu blog hoje, dia dos pais. Tenho dois ícones do Cristo. Um, do início do Século XX, de dimensões menores, para viagem, adquirido em NY. Outro, de 1842, maior. Se não for pedir muito, mando uma foto de ambos, depois, para que você possa elucidá-los. Não tenho formação católica, infelizmente, mas gosto demais da arte icônica ortodoxa. Parabéns pelo blog.