Em qualquer ícone que encontramos, o que mais nos cativa,
são as cores vivas que dão dinamismo ao que nele está representado… como se a
personagem ou acontecimento estivessem ali vivos, bem presentes, diante dos
nossos olhos.
Qualquer pintura reflecte mais ou menos luz dependendo do
tipo de pigmento utilizado. Mas, no caso do Ícone há sempre algum rigor na
escolha dos pigmentos coloridos para a sua escrita. São sempre usados pigmentos
naturais pois estes possuem uma enorme variedade de tamanhos de partículas, ao
contrário dos pigmentos artificiais. Os tamanhos diversos dessas partículas é
uma das características que permite um maior índice de refracção da luz
recebida, o que as torna capazes de absorver e espalhar/reflectir uma maior
quantidade de luz.
O efeito é um maior brilho. Esse efeito é acentuado com
traços de branco puro habitualmente usado na face e nas mãos da pessoa
representada no ícone. Também o dourado é uma presença assídua, algumas vezes
no fundo, nos resplendores ou auréolas e em discretos traços nas bordas das
roupagens.
De facto, a Luz é uma constante do Ícone porque é um dos
símbolos mais fortes do mundo divino. De alguma maneira mais ou menos evidente a
Luz “que não é deste mundo” está sempre presente no Ícone.
que, ao vir ao mundo,
a todo o homem ilumina.
Ele estava no mundo e por Ele o mundo veio à existência,
mas o mundo não o reconheceu.
Veio para o que era seu,
e os seus não o receberam.
Mas, a quantos o receberam,
aos que nele crêem,
deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.”
Jo 1,9-12
A Luz representada no Ícone, porque é do mundo divino, não
projecta sombra. No mundo de Deus tudo está imerso na sua Luz. É uma luz que
nunca é exterior, capaz de lançar sombras mas, sendo luz da graça divina,
transforma tudo, edificações e paisagens, ilumina interiormente (de dentro para
fora) aquilo e aqueles que são de Deus.
O fundo do Ícone é muitas vezes chamado de “luz”, onde é
habitualmente utilizado o dourado ou o vermelho, servindo justamente para
colocar a personagem ou o acontecimento todo “à luz” da visão divina.
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