domingo, 6 de março de 2011

Entrada de Jesus em Jerusalém







da Galeria de Tretyakov
séc XV


"Exulta de alegria, filha de Sião!
Solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém!
Eis que o teu rei vem a ti;
Ele é justo e vitorioso;
vem, humilde, montado num jumento,
sobre um jumentinho, filho de uma jumenta.
Ele exterminará os carros de guerra da terra de Efraim
e os cavalos de Jerusalém;
o arco de guerra será quebrado.
Proclamará a paz para as nações.
O seu império irá de um mar ao outro
e do rio às extremidades da terra." Zc 9,9-10

"Estando próximos de Jerusalém, perto de Betfagé e de Betânia, junto ao Monte das Oliveiras, Jesus enviou dois dos seus discípulos e disse-lhes: «Ide à povoação que está em frente de vós e, logo que nela entrardes, encontrareis um jumentinho preso, que ainda ninguém montou. Soltai-o e trazei-o. E se alguém vos perguntar: 'Porque fazeis isso?' respondei: 'O Senhor precisa dele;' e logo o mandará de volta.»

Partiram e encontraram um jumentinho preso junto de uma porta, do lado de fora, na rua, e soltaram-no. Alguns que ali se encontravam disseram-lhes: «Que é isso de soltar o jumentinho?» Responderam como Jesus tinha dito e eles deixaram-nos ir. Levaram o jumentinho a Jesus, lançaram-lhe por cima as capas e Jesus montou nele. Muitos estenderam as capas pelo caminho; outros, ramos de verdura que tinham cortado nos campos. E tanto os que iam à frente como os que vinham atrás gritavam:
Hossana!
Bendito seja o que vem em nome do Senhor!
Bendito o Reino do nosso pai David que está a chegar.
Hossana nas alturas!" Mc 11,1-10


"as multidões que tinham chegado para a Festa, ao ouvirem que Jesus vinha a Jerusalém, pegaram em ramos de palmeiras e saíram-lhe ao encontro, clamando: «Hossana! Bendito o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel!» E Jesus encontrou um jumentinho e montou nele, conforme está escrito:

Não temas, Filha de Sião,
olha o teu Rei que chega
sentado na cria de uma jumenta.

Ao princípio, os seus discípulos não compreenderam isto; quando se manifestou a glória de Jesus, é que se lembraram que estas coisas estavam escritas acerca dele; e foi isso precisamente o que lhe fizeram.
Entretanto, as pessoas que tinham estado com Ele quando chamou Lázaro do túmulo e o ressuscitou dos mortos testemunhavam o que viram. 18E a gente, ao ouvir dizer que tinha realizado aquele sinal milagroso, veio ao seu encontro.
Então, os fariseus disseram uns para os outros: «Não vedes que não estais a conseguir nada? Olhai como toda a gente se foi com Ele!»" Jo 12,12-13



Sob um olhar atento...


No centro está Cristo, Jesus já ressuscitado por Deus.

Vai sentado sobre um jumento como quem vai sentado num trono. O jumento branco, cor da pureza, da beleza e da vitória. Parece flutuar, parece que as patas do jumento não tocam o chão.

Este é então o cortejo da Vitória da Vida sobre a Morte. E dirige-se para uma Jerusalém que já não é a terrena, mas a celeste. Todo o cortejo apresenta semelhanças com a entrada triunfal de um rei que, depois de uma batalha, entra na sua cidade e é aclamado pelo povo em festa, montado num belíssimo e elegante cavalo.

Atrás de Jesus seguem à frente do grupo, Pedro e talvez Tomé ou João. Pedro parece falar para o grupo que o segue e aponta para Jesus. Todos levam rostos assustados.

À entrada de Jerusalém recebem Jesus os doutores e escribas, à frente dos restantes habitantes de Jerusalém. No meio deles, dois conversam entre si, como que a murmurar já contra Jesus.

Outro grupo de pessoas aparece disperso em todo o ícone, são as crianças, os pequenos, quase todos de vestes brancas, mais parecem adultos em miniatura. Lembra uma das imagens do livro do Apocalipse: “apareceu na visão uma multidão enorme que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé com túnicas brancas diante do trono e diante do Cordeiro, e com palmas na mão. Aclamavam em alta voz:
«A salvação pertence ao nosso Deus,
que está sentado no trono,
e ao Cordeiro.»” Ap 7,9-10


Acima, em segundo plano, está um monte, uma árvore e a cidade de Jerusalém.

É o monte das oliveiras, e nele mais abaixo vê-se uma sepultura escavada na rocha. É na sepultura que Jesus tem fixo o olhar. Sabemos que é no monte das Oliveiras que está o jardim, Getsémani, onde Jesus gostava de orar, e onde terá sido preso.

A árvore lembra aquela outra, a árvore da Vida, do Livro do Princípio (Génesis), simboliza também a árvore da Morte, o madeiro da cruz, aquela árvore onde Jesus foi crucificado.

Particularmente neste ícone estão três crianças, a árvore que parece ser uma palmeira é flamejante. Lembra talvez o episódio bíblico dos três jovens condenados à fornalha pelo rei Nabucodonosor por se recusarem a adorar outros deuses

“Os três jovens, então, não tiveram senão uma só voz para louvar, glorificar e bendizer a Deus, na fornalha, com este cântico:

«Bendito sejas, Senhor, Deus de nossos pais:
- digno de louvor e glória eternamente!
Bendito seja o teu nome santo e glorioso:
- digno de supremo louvor e exaltação eternamente!
Bendito sejas no templo da tua santa glória:
- digno de supremo louvor e glória eternamente!
Bendito sejas por penetrares os abismos,
sentado sobre os querubins:
- digno de supremo louvor e exaltação eternamente!
Bendito sejas no teu trono real:
- digno de supremo louvor e exaltação eternamente!
Bendito sejas no firmamento dos céus:
- digno de supremo louvor e glória eternamente!
Obras do Senhor, bendizei todas o Senhor:
- a Ele a glória e o louvor eternamente!” Dn 51,57

Vendo o rei que os três jovens e ainda um anjo do Senhor passeavam no meio das chamas sem que estas os queimassem “tomando a palavra, disse:
«Bendito seja o Deus de Chadrac, de Mechac e de Abed-Nego! Ele enviou o seu anjo para libertar os seus servos que, confiando nele, expuseram a vida, transgredindo as ordens do rei, antes que prostrarem-se em adoração diante de um outro deus que não fosse o Deus deles. Estabeleço, pois, esta ordem: 'Em qualquer povo, nação ou língua, todo aquele que disser alguma coisa de mal contra o Deus de Chadrac, de Mechac e de Abed-Nego, será feito em pedaços e a sua casa reduzida a um montão de imundícies, porque não há outro Deus capaz de realizar uma tal libertação'.»” Dn 3,95-96













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